Foi uma grande surpresa quando vi na biblioteca pública de Porto Alegre um grande acervo de livros de Kurt Vonnegut. A primeira vez de muitas que me apaixonei por Vonnegut foi quando li "Matadouro 5", no segundo ano do Ensino Médio. Naquela época eu não entendia muito sobre a vida (não que agora eu entenda tudo), logo eu não consegui identificar os temas principais do livro.
Quando retirei "Pastelão ou Solitário Nunca Mais" na biblioteca, eu não fazia a menor ideia do que aquele livro falava. Só sabia que sendo do Vonnegut, era algo promissor. Logo na primeira pesquisa que fiz sobre o título encontrei várias críticas ruins sobre a obra, a maioria delas dizendo que era o começo do declínio literário do autor. Sendo assim, fui com as expectativas baixas na leitura.
Já no começo tive uma ótima surpresa com um maravilhoso prólogo, onde Kurt descreve em quatorze páginas o porquê de ter escrito o livro e ainda fala sobre sua relação com família e amor. Uma das principais falas é sobre sua irmã Alice, sua maior leitora e ouvinte.
Talvez seja Alice o maior motivo de Vonnegut declarar Pastelão como uma obra quase biográfica: o livro trata a relação do narrador (Wilbur Narciso Silvestre-11 Swain) com sua irmã gêmea Eliza. Isolados desde o nascimento em uma mansão, os dois eram uma espécie de "monstros" humanos, com dois metros de altura aos nove anos e quatro mamilos cada. Até os quinze anos foram declarados deficientes mentais porque recusavam se comunicar com qualquer pessoa.
Por fim, Vonnegut não decepciona. Usa suas marcas registradas (sempre repete a mesma frase "Ai ô" no fim dos parágrafos e tem um subtítulo para a obra) e apresenta uma história de fácil identificação, mesmo com personagens malucos e nonsense. Classic Vonnegut.
Trechos do livro
Download do livro em pdf (Em inglês, não tem em PTBR)
Talvez seja Alice o maior motivo de Vonnegut declarar Pastelão como uma obra quase biográfica: o livro trata a relação do narrador (Wilbur Narciso Silvestre-11 Swain) com sua irmã gêmea Eliza. Isolados desde o nascimento em uma mansão, os dois eram uma espécie de "monstros" humanos, com dois metros de altura aos nove anos e quatro mamilos cada. Até os quinze anos foram declarados deficientes mentais porque recusavam se comunicar com qualquer pessoa.
"Todas as informações que recebíamos a respeito do mundo em que vivíamos indicavam que era uma coisa maravilhosa e idiota. Logo, cultivamos a idiotia. Recusávamo-nos a falar de modo coerente em público. "Buh", e "duh", era o que dizíamos. Babávamos e revirávamos os olhos. Peidávamos e ríamos. Comíamos cola-tudo."
“Mas Eliza, que era exatamente tão alta quanto eu, não podia esperar uma acolhida agradável em parte alguma. Não havia papel convencional concebível para uma mulher com doze dedos nas mãos e outros doze nos pés, quatro seios, um cérebro neandertalóide semigenial, e que pesava um quintal e tinha dois metros.”Wilbur e Eliza eram gênios quando estavam juntos, escrevendo teorias sobre a gravidade e controle populacional. São essas duas teorias que fazem o cenário pós-apocalíptico-estranho que envolve a trama: Wilbur escreve suas memórias nas ruínas do que já foi Nova Iorque, em um mundo onde a gravidade é variável (graças a experimentos dos chineses). O nome estranho de Wilbur (Narciso Silvestre 11 Swain) foi fruto do seu governo como presidente dos Estados Unidos (pois é), onde sua principal proposta era re-organizar as famílias do país afim de dar novos parentes a todos: Toda e qualquer pessoa que recebesse nome x (Narciso Silvestre, Amendoim, Esquilo) seria parente, independente de qualquer fator. Por isso "Solitário Nunca Mais", a frase era o Slogan da campanha de Wilbur.
Por fim, Vonnegut não decepciona. Usa suas marcas registradas (sempre repete a mesma frase "Ai ô" no fim dos parágrafos e tem um subtítulo para a obra) e apresenta uma história de fácil identificação, mesmo com personagens malucos e nonsense. Classic Vonnegut.
Trechos do livro
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